Em uma sociedade ultra-competitiva e sob constante ameaça de catástrofes, desde a nuclear até a ecológica, as incertezas quanto ao futuro parecem ser uma norma.
A necessidade permanente de ter que produzir cada vez mais e melhor, em menor espaço de tempo, camufla ou pelo menos retarda, nos indivíduos, a consciência de uma existência interior possível e desejável.
No âmbito pessoal, graças a esta consciência, descubro a cada dia, novas maneiras de convívio pessoal.
Tamanha transformação implica na aceitação de alguns poucos e óbvios pressupostos:
. Conceito de crescimento – a prevalência do crescimento interior, sobre o qual podemos influir, em detrimento de um crescimento exterior, limitado e incerto.
. Conceito de recursos – recurso sempre esteve associado à idéia de exploração, reforçando no homem seu instinto de predador, o que conduz ao esgotamento da terra e também de nós humanos. Em contraposição, o recurso interior, que é inesgotável e de criatividade ilimitada: verdadeiro tesouro de idéias, de estratégias e de inventividade.
. Conceito de troca – sob a perspectiva do mercado e do liberalismo, este conceito está na explicação de todos os egoísmos que degeneram nas atrocidades de toda ordem: medo, injustiças, guerras, terrorismos, etc. Uma nova visão de troca entre humanos, que resgata o sentido humanista e original de reencontro, de partilha, de fraternidade, que levam a outro tipo de sociedade.
Muito do que até então me parecia invisível agora consigo enxergar com muita clareza, como se acabasse de aprender uma nova língua e assim poder ler e entender novos textos. Para isso precisei conquistar antes a minha “senioridade”. Uma “senioridade” que não trouxe consigo um manual de instrução, onde tudo está para ser descoberto ( e ainda bem): agora que tenho toda a vida à minha frente.
Chega um momento, quando necessidade e falta, deixam de ser um problema e passamos a nos orientar para a nossa realização pessoal a partir de aspirações e talentos próprios.
Até então vivia o paradoxo de uma sociedade abundância material e curiosamente deficitária, onde a única prioridade é de satisfazer as necessidades básicas ou seja de sobrevida tais como o dinheiro, o conforto, a segurança e tantos outros bens. Enquanto aquilo que de fato representa o poder efetivo do homem, como realização pessoal ou plenitude é deixado de lado.
Sobreviver no excesso em tudo, escravo de um consumo desenfreado de laser, bens moveis e imóveis, materiais, financeiros, etc.
Até que um dia resolvi dizer não a um sistema que alimenta e mantém o sentimento de falta, de insatisfação, de espera e de cólera.
Mas sem um horizonte, uma promessa ou um chamado nenhuma mobilização é possível. No lugar da falta, da necessidade passei a opor aspirações, talentos, desejo de realização pessoal.
Valor, criador, potencial, iniciativa, risco, motivação, experiência, flexibilidade, viver, evolução consciência, alegria, felicidade...todas palavras que alavancam qualquer busca por novas percepções e vivências.
As soluções multidimensionais, eco-sistêmicas passaram a ter preferências sobre as propostas muito analíticas, separatistas, que não levam em conta o contexto.
Ao invés da ultra-especialização, que reinou na juventude e na maioridade, passei a privilegiar a abrangência saudável das propostas holísticas onde nenhuma parte funciona bem em detrimento de outra. O equilíbrio, antes apenas mais uma opção, passou a ser buscado em todas as ações ou empreendimentos.
Eu, como a maioria de outros “baby-boomers”(nascidos entre o fim da Guerra e pouco além da 1ª. metade do século passado) estamos agora à porta de uma nova etapa: “aventureiros pacíficos” do pós-guerra, durante meio século estivemos à frente de uma multidão de mudanças e inovações, em todos os setores da atividade humana. Agora, aos poucos, vamos nos recolhendo ao interior de nossas fortalezas pessoais, para um re-encontro com a nossa essência ou com o que de fato nós somos: aspirações, desejos, sonhos, projetos. Um novo e definitivo encontro tão singular quanto a nossa identidade.
Um novo equilíbrio na vida se faz necessário onde uma visão de conjunto se substitui aos cenários isolados e específicos dos tempos de antes, onde viver passa a ser mais importante que produzir, relacionar vem antes de delegar ou administrar.
Nossas forças são direcionadas para onde de fato elas conseguem transformar, no interior de nós mesmos, ainda que por anos a fio tenhamos estado à frente de movimentos totalmente opostos, quando a palavra chave era simplesmente poder.
Tudo isto feito será enfim possível promover o acordar da consciência coletiva para novas maneiras de ser, de se expressar, de criar ou de ser “a mudança que queremos ver no mundo” (Gandhi).
Um convite para uma viagem cujo destino é a montanha e cujo percurso a linha do tempo, onde cada um irá escrever a sua história. Aqui você irá encontrar muito da França, um pouco de gastronomia, muita coisa sobre esportes (corridas), sobre livros, bem-estar, qualidade de vida. Deixe seu comentário, inscreva-se como seguidor(a). Obrigado pela visita! Este blog é continuação do outro: